domingo, 8 de janeiro de 2023

FESTA DO BATISMO DO SENHOR ANO A O Batismo do Senhor é o nosso Batismo.

 


“Jesus Cristo é batizado, e o mundo é renovado. Ele deu-nos o perdão dos pecados e das faltas. Sejamos homens novos pela água e pelo Espírito”. Com a festa do Batismo do Senhor encerramos o ciclo do Natal. Jesus é manifestado não mais pela Estrela de Belém mas pela Voz vinda do Céu. Os que aguardavam um Messias como juiz violento, cheio de ira, que viria com poder e força, para castigar, estão agora decepcionados. Porque Jesus, de forma silenciosa e sem fazer alardes entra na fila dos pecadores como servo, “ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas” (Is 42, 2). Batizar-se é ser imerso na água, para os judeus o batismo era um rito penitencial, para a purificação dos pecados, para o batismo se confessavam os pecados. Mas por que Jesus está naquela fila? Ele não tem pecado? Tudo isso, porque Jesus decidi cumprir a justiça, para realizar a salvação que vem de Deus e cumprir a profecia que diz: “eu vos batizo com água, ele vos batizará no Espírito”. Jesus não brincou de ser gente, ele se faz pecado por nós, ou seja, ele assume em tudo a nossa humanidade, para nos resgatar do pecado e da morte, ele desce às águas para santificá-las e é investido de uma nova Missão. A Missão de libertar a humanidade. Por isso, no novo tempo litúrgico que agora iniciaremos, que é o tempo comum, acompanharemos Jesus em sua vida pública, contemplando o Cristo que vem para nos salvar, para nos curar, para nos libertar e nos conceder vida nova. O Batismo além de nos purificar dos pecados, em Jesus Cristo recebe um novo sentido, “o que não tem pecado nos lava em si primeiro”, ele nos insere em sua Missão, por que, a Trindade se manifesta no Jordão, o céu se rasga, já não há mais separação entre divino e humano, entre sagrado e profano, Deus habita este mundo, e se manifesta e nós. O Batismo continua o tema da “epifania”, há aqui também a manifestação do Deus uno e trino. O Filho é batizado, o Espírito se manifesta em forma de pomba e o Pai se manifesta por meio da Voz. Jesus chega ao Jordão como um homem qualquer, como servo, e se confunde com a multidão. Ao sair das águas, após sua manifestação, resgata o novo povo, o povo da nova e eterna aliança, que passa pelo mar vermelho a pé enxuto e alcança a Terra Prometida que é o Céu. Em Cristo Ressuscitado, novo Adão, é reatada a aliança de amor entre Deus e os homens, que antes fora rompida pelo pecado original. Diz a Voz: “Este é o meu amado, no qual eu pus o meu agrado”. O Batismo do Senhor é nosso Batismo. No filho de Deus, nós pelo batismo resgatados, nos tornamos filhos adotivos no filho Jesus. Que na festa de hoje, contemplando o Cristo Batizado nas águas do Jordão, fruto do seu esvaziamento, da sua humildade e do seu amor, nós possamos renovar em nós a chama da fé recebida no dia do nosso Batismo, para isso, é importante nunca esquecer a data que recebemos este sacramento que abriu as portas da vida cristã para nós, recebemos em nós a vida trinitária, o ser divino habita em nós. Assumamos nossa missão de como João Batista dizermos ao mundo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Dizermos não só com palavras, mas com o nosso agir cotidiano, em nossa vida pública, daqui para frente vivendo como batizados e dignos do nome de cristãos que assumimos.


Padre Wesley Pires dos Santos
Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar
Ouro Preto - MG.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Não percamos de vista a Estrela para perseverarmos no Caminho - EPIFANIA DO SENHOR



 "Recordamos neste dia 3 mistérios: Hoje a estrela guiou os magos ao presépio, hoje a água se faz vinho para as Bodas, hoje o Cristo no Jordão é Batizado para salvar-nos”. Três mistérios que segundo alguns dizem ocorreram na mesma data. A palavra Epifania, do grego, significa Manifestação, Deus que se dá a conhecer, que se revela em sua Igreja a todas as nações (1ª Leitura “os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” Is 60, 3), não a um grupo específico e selecionado, mas a todos, até aos pagãos (2ª Leitura- “os pagão são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” Ef 3, 6). Em Jesus Cristo, o Emanuel, Deus-conosco, o mistério escondido por séculos é revelado a todos os povos e nações, de diferentes raças, línguas e culturas. Essa manifestação conforme vai dizer o Concílio Vaticano II (GS 24;26;27), é um forte apelo à unidade fundamental da família humana. Em um mundo tão dilacerado, tão dividido e polarizado. Celebrarmos a Epifania do Senhor hoje, em nosso país e no mundo é com certeza um forte apelo do Senhor para que nós cristãos sejamos instrumentos de paz e de reconciliação, especialmente em um pais tão polarizado, em que há famílias dividas por causa de ideologias. Para isso, é preciso que retornemos ao primeiro amor, onde tudo começou, como diz Mircea Eliade: “toda religião, toda experiência religiosa nasce de uma manifestação do sagrado, o divino que rompe os céus e habita o tempo e o espaço”. Tenhamos a capacidade de olhar para o Céu em um mundo tão secularizado e tão imanentista (o homem se basta), e procuremos a “ESTRELA”, Jesus que vem iluminar a todos e clarear a noite escura da nossa humanidade (cf. Papa Francisco - Homilia da Epifania 2023), não a percamos de vista, deixemo-nos guiar por ela, e encontraremos um Rei, um rei não em um trono, mas nos braços de Maria, sempre Virgem; não em um palácio, mas num estábulo, sendo aquecido pelos animais; não na riqueza, esnobando os bens deste mundo, mas na pobreza, na simplicidade; não em Jerusalém com Herodes e seus comensais, mas a Nova Sião é Belém, onde tudo começou, aqui está a volta às origens, para que nunca percamos de vista nossa essência. Com este Natal, na solenidade da Epifania, deve haver uma ruptura em nossa vida, não podemos retornar para a mesma vida, nem pelo mesmo caminho, os magos guiados pela Estrela não seguiram o caminho de Herodes, mas outro caminho, o caminho de Jesus, o caminho da simplicidade, o caminho do desnudar-se, do esvaziamento, da pobreza e da simplicidade. Os magos ofereceram seus presentes, Ouro, Incenso e Mirra – Ouro, símbolo da realeza; Incenso símbolo da Divindade e Mirra símbolo da Humanidade. Quando ouvimos falar em presentes pensamos logo no consumismo, nas compras, como é vivido o Natal pagão de muitos. Mas e nós, nós enquanto cristãos, no hoje da nossa história, e da nossa existência, o que temos a oferecer a Jesus? Com certeza, o que ele mais quer é o nosso coração, convertido, arrependido, decidido a seguir outro caminho, o caminho do amor e da entrega de vida, em favor dos irmãos, principalmente dos mais necessitados. Porque o Deus que hoje se manifesta é amor, e não tem como dizer que amamos a Deus a quem não vemos, se não conseguimos amar os irmãos a quem vemos, com quem nos encontramos diariamente. Cesse toda inimizade, brote em nosso coração os elos de amor e de unidade, para que sejamos Estrelas a guiar todos para Cristo a ESTRELA MAIOR de nossa FÉ. Amém.

 

Padre Wesley Pires dos Santos
Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar

Ouro Preto -MG
8 de janeiro de 2023