Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar
Ouro Preto - MG.
"Recordamos neste dia 3 mistérios: Hoje a estrela guiou os magos ao presépio, hoje a água se faz vinho para as Bodas, hoje o Cristo no Jordão é Batizado para salvar-nos”. Três mistérios que segundo alguns dizem ocorreram na mesma data. A palavra Epifania, do grego, significa Manifestação, Deus que se dá a conhecer, que se revela em sua Igreja a todas as nações (1ª Leitura “os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” Is 60, 3), não a um grupo específico e selecionado, mas a todos, até aos pagãos (2ª Leitura- “os pagão são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” Ef 3, 6). Em Jesus Cristo, o Emanuel, Deus-conosco, o mistério escondido por séculos é revelado a todos os povos e nações, de diferentes raças, línguas e culturas. Essa manifestação conforme vai dizer o Concílio Vaticano II (GS 24;26;27), é um forte apelo à unidade fundamental da família humana. Em um mundo tão dilacerado, tão dividido e polarizado. Celebrarmos a Epifania do Senhor hoje, em nosso país e no mundo é com certeza um forte apelo do Senhor para que nós cristãos sejamos instrumentos de paz e de reconciliação, especialmente em um pais tão polarizado, em que há famílias dividas por causa de ideologias. Para isso, é preciso que retornemos ao primeiro amor, onde tudo começou, como diz Mircea Eliade: “toda religião, toda experiência religiosa nasce de uma manifestação do sagrado, o divino que rompe os céus e habita o tempo e o espaço”. Tenhamos a capacidade de olhar para o Céu em um mundo tão secularizado e tão imanentista (o homem se basta), e procuremos a “ESTRELA”, Jesus que vem iluminar a todos e clarear a noite escura da nossa humanidade (cf. Papa Francisco - Homilia da Epifania 2023), não a percamos de vista, deixemo-nos guiar por ela, e encontraremos um Rei, um rei não em um trono, mas nos braços de Maria, sempre Virgem; não em um palácio, mas num estábulo, sendo aquecido pelos animais; não na riqueza, esnobando os bens deste mundo, mas na pobreza, na simplicidade; não em Jerusalém com Herodes e seus comensais, mas a Nova Sião é Belém, onde tudo começou, aqui está a volta às origens, para que nunca percamos de vista nossa essência. Com este Natal, na solenidade da Epifania, deve haver uma ruptura em nossa vida, não podemos retornar para a mesma vida, nem pelo mesmo caminho, os magos guiados pela Estrela não seguiram o caminho de Herodes, mas outro caminho, o caminho de Jesus, o caminho da simplicidade, o caminho do desnudar-se, do esvaziamento, da pobreza e da simplicidade. Os magos ofereceram seus presentes, Ouro, Incenso e Mirra – Ouro, símbolo da realeza; Incenso símbolo da Divindade e Mirra símbolo da Humanidade. Quando ouvimos falar em presentes pensamos logo no consumismo, nas compras, como é vivido o Natal pagão de muitos. Mas e nós, nós enquanto cristãos, no hoje da nossa história, e da nossa existência, o que temos a oferecer a Jesus? Com certeza, o que ele mais quer é o nosso coração, convertido, arrependido, decidido a seguir outro caminho, o caminho do amor e da entrega de vida, em favor dos irmãos, principalmente dos mais necessitados. Porque o Deus que hoje se manifesta é amor, e não tem como dizer que amamos a Deus a quem não vemos, se não conseguimos amar os irmãos a quem vemos, com quem nos encontramos diariamente. Cesse toda inimizade, brote em nosso coração os elos de amor e de unidade, para que sejamos Estrelas a guiar todos para Cristo a ESTRELA MAIOR de nossa FÉ. Amém.