Os seres humanos foram criados
a imagem e semelhança de Deus e receberam Dele um chamado especial (Cf. Gn
1,26). O primeiro chamado que recebemos é o chamado a vida, por isso estamos
neste mundo, por vontade do próprio Deus. Também todos são chamados à santidade,
recebendo os sacramentos de iniciação cristã que é o Batismo, a Confirmação e a
Eucaristia, que nos fortalecem nesta caminhada. A vocação comum de todos os
cristãos consiste em serem discípulos-missionários de Jesus Cristo, membros da
Igreja e anunciadores de Cristo para todo o mundo.
Fala-se
muito de vocação, e pensamos que esta é somente para aqueles que almejam a vida
consagrada e religiosa, ou o sacerdócio. Pelo contrário, todos somos vocacionados.
A palavra Vocação vem do Latim de ‘Vocare’, ou seja, chamar. É isso que Deus
faz com todos nós, nos chama para ajudá-Lo. Cada um é chamado a um estado de
vida específico, como ser um sacerdote, uma freira, um leigo, ou também chamado
a assumir a vida matrimonial. Vale ressaltar que vocação não é o mesmo que
profissão. A profissão se é escolhida pela aptidão, a vocação só é escolhida
escutando a voz de Deus.
Quando falamos de vocação,
devemos sempre perguntar diante do Senhor: o que queres que eu faça? A vocação
só pode ser descoberta pela entrega nas mãos de Deus, se colocando em oração,
para que se ouça de fato a voz de Deus e qual o chamado Dele para nossa
vida. Deve existir um confronto no
dia-a-dia de nossa caminhada. Questionando-se diante de Deus, passamos a nos
conhecer, não acontecendo isso, passamos a viver uma ilusão. Na oração e no
questionamento conseguimos responder sem medo e com coragem ao chamado, para
que no futuro se viva uma vida feliz, pois é isso que Deus deseja para todo ser
humano. Sabe por quê? Porque Ele nos ama muito! Vocação acertada é sinônimo de
pessoa feliz.
Agosto é
o mês das vocações, não há como entender as vocações na Igreja sem ter fé, pois
seriam incompreensíveis, sinônimo de loucura. Como pode uma jovem ou um jovem
deixar tudo, casa, família, sua terra natal, para entregar-se totalmente ao
serviço da Igreja? Também como muitos jovens se dispõem a unir-se em matrimônio,
para viver uma vida compartilhada com o outro, mesmo com dificuldades? O que
explica alguém consagrar-se inteiramente a Deus deixando os prazeres do mundo?
Ou então pessoas que partem para outros países em missão? E os tantos que vivem
uma vida celibatária?
Tudo
isso só acontece quando a pessoa se sente amada por Deus e corresponde ao
chamado que Ele faz. No evangelho de São Mateus, Jesus diz ao jovem rico “Se
queres ser perfeito, vai, vende o que possuis e dá aos pobres, e terás um tesouro
nos céus. Depois, vem e segue-me.” (Mt 19, 21) O Senhor nos chama a desapegarmos
de tudo para servi-Lo com maior generosidade. Como um jovem ou uma jovem deixa
tudo, pai, mãe, casa, bens, para servir, assim também muitos escolhem viver um
matrimônio santo, escolhendo um, para passar o resto da vida juntos. Outros
tantos também servem a Igreja como leigos dedicados. Toda vocação tem um valor
especial, porque é resposta ao amor de Deus por nós. Nenhuma vocação, portanto,
pode ser compreendida a não ser pela luz da fé, pois é a fé que guia toda e
qualquer vocação, ou seja, a verdadeira escuta da voz de
Deus se dá quando acreditamos. “Nenhuma
vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e
germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno”. (Papa
Francisco)
Wesley
Pires dos Santos
Seminarista
da Arquidiocese de Mariana

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