Um
lugar que nos recorda o paraíso, o cantinho do céu, rodeado por verdes matas, imponente
e cheio de lembranças. Quem é “Mariano” não se esquece deste lugar tão especial.
É desse lugar que desejo falar, não há descrições melhores do que estas. São
muitas as pessoas que nasceram neste lugar e tantas outras que guardam inúmeras
recordações boas. Boa Esperança é o nome deste lugar, não poderia deixar de
registrar aquilo que durante toda essa semana tenho sonhado e lembrado.
A
palavra Esperança vem do latim spes que
significa confiança em algo bom, derivado do verbo latino sperare que dá origem a palavra portuguesa esperar, ou ter
esperança. Por isso, não haveria palavra melhor para designar esta bela Fazenda
construída no dia 7 de junho de 1936, e depois de vários anos tendo sido por
fim, adquirida por Geraldo Pires do Carmo e Maria de Paiva Pires, esta nascida
em Paiva e aquele nascido em Mercês. Constituiu nesta pequena Fazenda a família
Pires do Carmo, criando os seus 13 filhos e também alguns netos. Pais cheios de
virtudes, de grande fé, foram assim que instruíram os seus filhos, numa
educação pautada nos valores e na fé católica.
Guardo
também viva em minha vida lembranças desta fazenda. Foi aí que no dia 4 de
setembro 1958 nascia aquela que seria minha progenitora, Isaura Rosa Pires dos
Santos. Segundo ela, “contava minha mãe que no momento em que eu nascia a
Fazenda se encontrava em plena atividade, e naquele momento chegava um caminhão
com os porcos...” (risos). Foram tantas as pessoas que viviam naquela Fazenda
como empreitados. Às vezes passando pelas ruas em Senador Firmino, ouvi dizer
de muitas pessoas que trabalharam juntos com meus avós. Além disso, eu pude ficar
várias vezes hospedado naquela Fazenda, quando minha madrinha Inês era
proprietária. Ia minha mãe e eu de ônibus de escola até o cruzeiro dos Moreiras,
o resto a gente subia a pé até a Fazenda. Lembro de um momento inesquecível, quando
subia minha mãe e eu o morro, eu levando um brinquedo de médico que era um
carrinho, e disse para ela que meu sonho era um dia morar na Boa Esperança, e o
resto minha mãe subiu contando sobre as histórias da Fazendo e dos meus avós e
tios.
São
tantas as histórias, lembro igualmente das minhas “missinhas”, quando meu primo
Alessandro (in memoriam) acordava cedo para ajudar o José Geraldo tirar o
leite, assim que clareava eu também levantava e ia para a varanda da Fazenda,
rezar minhas orações, dar a benção, e não podia deixar, fazia também a
procissão pela Fazenda, passando pelo curral para abençoá-los com uma
imagenzinha de Nossa Senhora Aparecida, lembro direitinho como era. Outro
momento inesquecível é o almoço da madrinha, que eu adorava principalmente o
seu feijão inteiro, almoçava ouvindo o rádio MotoBras e também as histórias de
quando o saudoso Padre José Maria Quintão Riveli (Pe. Zizinho) ficava hospedado
na Fazenda e almoçava naquela cozinha, ficava ali para celebrar a Páscoa com o
pessoal que vivia ao entorno. Por isso, tinha o quarto do Padre Zizinho, eu
ficava encantado com as histórias, sonhando um dia ser como ele. Não esqueço
também, quando à tardinha eu sumi... (risos), todo mundo ficou preocupado e me
procurando, onde eu estava? (risos) dormindo no cocho da vaca. Por último, o
dia do tatu, havia um “buracão” embaixo de um pé de mandioca, e fomos todos lá,
eu todo empolgado com uma botinha, fomos para matar o tatu e para depois comê-lo.
Não lembro muito bem o fim dele não, só sei que danaram a tacar água dentro do
buraco, deve ser para ele sai para fora, só pode ser, o resto não lembro mais.
Não poderia deixar de lembrar, do eterno som da “carneira” que ficava batendo a
noite inteira e água só escorria era uma maravilha para dormir. Outro fato, era
o momento do terço que aprendi a rezar também naquele lugar, juntava minha
madrinha, minha mãe e eu e cada um rezava um mistério. Desde cedo, a Virgem Maria
deseja cuidar de mim.
Foram
tempos bons, que eu guardarei eternamente na memória, quantas coisas aprendi
naquele lugar. Além, de tantas celebrações no Grupo Escolar, quando a
comunidade se reunia para celebrar a Senhora do Carmo padroeira daquela
comunidade, escolhida por causa do sobrenome do Sr. Geraldo Pires do Carmo. São
lembranças que não poderemos deixar perder família Mariano. Eis o nome “Boa
Esperança” que o Sr. Geraldo Mariano e Dona Maria de Paiva deixaram como
lembrança e que estarão guardados para sempre na memória de um bom filho desta
Família. Honrado por muitos, lembrando sempre do antigo delegado e juiz de paz
de Senador Firmino e da tão honrada senhora, a piedosa Maria de Paiva, muito
respeitada por todos, que deixa para nós o seu legado de amor e de devoção a
Senhora do Rosário e a Virgem da Conceição. Ambos exemplos de pais
protagonistas na criação dos filhos e que merecem nossa imitação. Só tenho a
agradecer a Deus por ter dado a graça de nascer nesta família tão linda e tão
cheia de esperança.
Wesley Pires dos Santos
Seminarista
