domingo, 3 de setembro de 2017

"BOA ESPERANÇA": O PEDACINHO DO CÉU!





Um lugar que nos recorda o paraíso, o cantinho do céu, rodeado por verdes matas, imponente e cheio de lembranças. Quem é “Mariano” não se esquece deste lugar tão especial. É desse lugar que desejo falar, não há descrições melhores do que estas. São muitas as pessoas que nasceram neste lugar e tantas outras que guardam inúmeras recordações boas. Boa Esperança é o nome deste lugar, não poderia deixar de registrar aquilo que durante toda essa semana tenho sonhado e lembrado.

A palavra Esperança vem do latim spes que significa confiança em algo bom, derivado do verbo latino sperare que dá origem a palavra portuguesa esperar, ou ter esperança. Por isso, não haveria palavra melhor para designar esta bela Fazenda construída no dia 7 de junho de 1936, e depois de vários anos tendo sido por fim, adquirida por Geraldo Pires do Carmo e Maria de Paiva Pires, esta nascida em Paiva e aquele nascido em Mercês. Constituiu nesta pequena Fazenda a família Pires do Carmo, criando os seus 13 filhos e também alguns netos. Pais cheios de virtudes, de grande fé, foram assim que instruíram os seus filhos, numa educação pautada nos valores e na fé católica.
Não tive a honra de conhecer os meus avós maternos, mas pude ouvir com alegria belos testemunhos de minha mãe e também dos tios. Tenho para mim, guardados em meu coração o exemplo maravilhoso dos meus avós e também sempre guardo uma foto para lembrar o exemplo de suas vidas, que foi uma vida de grande luta e foi com coragem e fé que conseguiram criar e sustentar esta bela família, sempre tendo em mente essa “Boa Esperança”. São estes dois os grandes alicerces para minha vida e também para a Família Mariano.
Guardo também viva em minha vida lembranças desta fazenda. Foi aí que no dia 4 de setembro 1958 nascia aquela que seria minha progenitora, Isaura Rosa Pires dos Santos. Segundo ela, “contava minha mãe que no momento em que eu nascia a Fazenda se encontrava em plena atividade, e naquele momento chegava um caminhão com os porcos...” (risos). Foram tantas as pessoas que viviam naquela Fazenda como empreitados. Às vezes passando pelas ruas em Senador Firmino, ouvi dizer de muitas pessoas que trabalharam juntos com meus avós. Além disso, eu pude ficar várias vezes hospedado naquela Fazenda, quando minha madrinha Inês era proprietária. Ia minha mãe e eu de ônibus de escola até o cruzeiro dos Moreiras, o resto a gente subia a pé até a Fazenda. Lembro de um momento inesquecível, quando subia minha mãe e eu o morro, eu levando um brinquedo de médico que era um carrinho, e disse para ela que meu sonho era um dia morar na Boa Esperança, e o resto minha mãe subiu contando sobre as histórias da Fazendo e dos meus avós e tios.
São tantas as histórias, lembro igualmente das minhas “missinhas”, quando meu primo Alessandro (in memoriam) acordava cedo para ajudar o José Geraldo tirar o leite, assim que clareava eu também levantava e ia para a varanda da Fazenda, rezar minhas orações, dar a benção, e não podia deixar, fazia também a procissão pela Fazenda, passando pelo curral para abençoá-los com uma imagenzinha de Nossa Senhora Aparecida, lembro direitinho como era. Outro momento inesquecível é o almoço da madrinha, que eu adorava principalmente o seu feijão inteiro, almoçava ouvindo o rádio MotoBras e também as histórias de quando o saudoso Padre José Maria Quintão Riveli (Pe. Zizinho) ficava hospedado na Fazenda e almoçava naquela cozinha, ficava ali para celebrar a Páscoa com o pessoal que vivia ao entorno. Por isso, tinha o quarto do Padre Zizinho, eu ficava encantado com as histórias, sonhando um dia ser como ele. Não esqueço também, quando à tardinha eu sumi... (risos), todo mundo ficou preocupado e me procurando, onde eu estava? (risos) dormindo no cocho da vaca. Por último, o dia do tatu, havia um “buracão” embaixo de um pé de mandioca, e fomos todos lá, eu todo empolgado com uma botinha, fomos para matar o tatu e para depois comê-lo. Não lembro muito bem o fim dele não, só sei que danaram a tacar água dentro do buraco, deve ser para ele sai para fora, só pode ser, o resto não lembro mais. Não poderia deixar de lembrar, do eterno som da “carneira” que ficava batendo a noite inteira e água só escorria era uma maravilha para dormir. Outro fato, era o momento do terço que aprendi a rezar também naquele lugar, juntava minha madrinha, minha mãe e eu e cada um rezava um mistério. Desde cedo, a Virgem Maria deseja cuidar de mim.

Foram tempos bons, que eu guardarei eternamente na memória, quantas coisas aprendi naquele lugar. Além, de tantas celebrações no Grupo Escolar, quando a comunidade se reunia para celebrar a Senhora do Carmo padroeira daquela comunidade, escolhida por causa do sobrenome do Sr. Geraldo Pires do Carmo. São lembranças que não poderemos deixar perder família Mariano. Eis o nome “Boa Esperança” que o Sr. Geraldo Mariano e Dona Maria de Paiva deixaram como lembrança e que estarão guardados para sempre na memória de um bom filho desta Família. Honrado por muitos, lembrando sempre do antigo delegado e juiz de paz de Senador Firmino e da tão honrada senhora, a piedosa Maria de Paiva, muito respeitada por todos, que deixa para nós o seu legado de amor e de devoção a Senhora do Rosário e a Virgem da Conceição. Ambos exemplos de pais protagonistas na criação dos filhos e que merecem nossa imitação. Só tenho a agradecer a Deus por ter dado a graça de nascer nesta família tão linda e tão cheia de esperança.

Wesley Pires dos Santos
Seminarista


2 comentários:

  1. Nossa, Wesley, quer me matar do coração. Nem eu me lembro de tanta coisa que vc escreveu. Não sei se choro, se fico feliz, mas, o quero mesmo é agradecer a Deus por tudo. Tive o privilégio de herdar a sede. Onde só por motivo de força maior tive que abrir mão. Senão estaria lá até hoje. Mas, como neste mundo não somos donos de nada, apenas administradores só tenho a agradecer a Deus por nós ter concedido essa família maravilhosa. Parabéns, belíssimo texto. Pode publicar o livro. Maravilhoso. Vc é um ótimo escritor. Obrigada 🙏 Que Deus te abençoe sempre. Bjusss

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  2. Muito emocionante, mesmo, sua descrição da fazenda, dos avós, tios e de sua mãe. São nossas lembranças que nos fizeram o que hoje somos. Tenho igualmente algumas recordações de sua família. Com m o tempo revelarei algumas.

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