quarta-feira, 19 de agosto de 2020

15 DE AGOSTO DIFERENTE...


Ao amanhecer não ouvimos nossa bandinha tocando pelas ruas acordando o povo e lembrando que hoje é um dia especial. Tivemos os sinos a repicar...Dia de festa.
Não vimos os romeiros chegarem, os barraqueiros começarem as vendas, não ouvimos o canto do Ofício em alto e bom tom cantado por todo o povo firminense. Aos olhos do mundo parece um fracasso, ruas vazias, Igreja fechada, tempo nublado. Aos olhos de alguns um Deus fracassado, impotente...mas não foi essa também a imagem da Cruz? Jesus sofreu só com alguns que foram fiéis e o conseguiram acompanhar até a sua total entrega. Dentre estes, estava Maria sua Mãe, aquela que hoje celebramos como Assunta ao Céu. Será que estamos seguindo Jesus até a Cruz? A festa que hoje celebramos em nossas terras firminenses nos convida a um olhar diferente, um olhar iluminado pela fé. Maria recebe o grande presente do Céu por ter cumprido em tudo a vontade de Deus, porque confiou inteiramente Nele.
O 121° JUBILEU ficará para a história. Celebrado de forma diferente, mas a graça de um Deus cheio de amor e todo poderoso não deixou de ser derramada sobre o nosso povo. Para os que abriram o coração, com certeza, mesmo que pelos meios de comunicação, conseguiram beber desta rica fonte de Graça que foi o Jubileu. Tudo isso, nos prepara para o Tempo Novo que está por vir. A Virgem Maria, Senhora da Conceição do Turvo, nos inspire no seguimento autêntico a Jesus Cristo. Para que, de fato, após este período de crise sejamos seres humanos mais humanos e melhores, buscando o que é essencial. Percebemos que é belo as barraquinhas, a agitação em nossa cidade em dias de festa e com tanta gente, mas, o mais importante é que a vida de oração se amadureça. Às vezes, vivemos como robôs no âmbito da fé, somos católicos porque nossos pais nos passaram isso, vamos à Missa porque fomos acostumados a isso...Mas afinal, em que nossa fé tem amadurecido? Ou continua estagnada? Ser cristão católico quando está tudo bem é fácil, mas e quando passamos pelas tribulações da vida, será que é nossa fé o sustento? Ou a confiança em nós mesmos?
Agradecemos muito a Deus por nos ter dado a Virgem Maria como Mãe. Esta foto simboliza bem o que deve ser nossa fé: simples, singela e pura, com o desejo de crescer em Deus sempre mais e de alimentar nossa Esperança. Assim, encerramos mais um Jubileu da Imaculada Conceição.

Wesley Pires dos Santos

terça-feira, 11 de agosto de 2020

HOMENAGEM AO PADRE JACINTO TROMBERT




Nestes dias em que celebramos o Jubileu de Nossa Senhora da Conceição não podemos nos esquecer do piedoso Padre Jacinto Teófilo Trombert que nos deixou um grande legado: o amor Mariano vivido por ele e implantado em nossos corações. Hoje, dia 11 de agosto, é o dia dedicado a este santo sacerdote, pastor e amigo do povo – o verdadeiro discípulo de Jesus.

Padre Jacinto nasceu em 29 de janeiro de 1843 na Europa, na maravilhosa Suíça. Desde tenra idade ficou longe do carinho de seus pais e foi se acostumando com a dura vida de sacrifícios que levou até o fim de sua existência. Ainda muito jovem veio para o Brasil e desde o início de sua juventude mostrou grande devoção e afeto ao serviço de Deus.

Ordenou-se sacerdote aos 15 de junho de 1867 pelo Venerável Bispo de Mariana, dom Antônio Ferreira Viçoso, que se encontra em processo de Beatificação. Escolheu como lema de ordenação a passagem de 1 Cor 9, 22: “Eu me fiz tudo de todos, a fim de ganhar a todos ao Divino Mestre”. E foi assim que viveu todo o seu ministério, sendo sempre serviço e doação.

Em 1870 tornou-se vigário de Conceição do Turvo, hoje Senador Firmino, ficando nesta paróquia 46 anos. Viveu a caridade evangélica, preocupou-se com a educação do povo e foi um bom conselheiro das famílias. Pregava a pureza dos costumes e a perfeição da vida cristã, pela palavra e pelo exemplo. Foi modelo de renúncia pessoal, austeridade de conduta, zelo apostólico, de grandes virtudes.

Estas virtudes valeram-lhe a chave para abrir os corações de seus paroquianos e guiá-los como rebanho nos caminhos do Senhor. A confiança que alcançara deles foi suficiente para empreender logo no primeiro ano de seu trabalho apostólico, aqui, a construção deste magnífico templo. Para tal construção partiu em peregrinação pelas várias cidades de Minas, para os Estados do Rio e de São Paulo, pedindo ajuda, coisa que só ele sabia fazer, colhendo os donativos que vieram das mãos do Imperador Dom Pedro II, dos prelados, das câmaras provinciais, dos homens mais eminentes do país, assim como das classes médias, dos operários, até dos mais pobres de seus paroquianos.

Nessa peregrinação o trabalho de pedir custou-lhe muitos sacrifícios que provaram a simplicidade, a benignidade e humildade de seu grande coração. Percorrendo a capital de São Paulo implorando ajuda para a construção desta Matriz, ouviu de quem não compreendia sua missão, palavras ásperas contra ele; foi considerado como explorador, passando por vexames que só uma grande alma sabia suportar.

Em 1893, num gesto de reconhecimento gratidão pela sua dedicação aos trabalhos da Igreja, o povo fez-lhe uma surpresa, dando-lhe de presente um quadro com a pintura a óleo, do seu retrato em tamanho natural. Tal festa aconteceu no dia 15 de agosto daquele ano e foi uma apoteose, com direito a procissão, saindo da rua São Miguel da casa da Família dos Lacerdas, que eram os artistas.

Padre Jacinto ficou tão feliz e emocionado com a homenagem recebida que prometeu à comunidade dirigir-se até as autoridade eclesiásticas, pedindo bênçãos especiais para o povo. A partir desta data, todo ano o povo de Conceição do Turvo recebia festiva e fervorosamente essas bênçãos durante as missões que aconteciam em agosto. O pedido do padre era renovado a cada ano junto a Santa Sé, até que com padre Henrique Silvino Alves, tornou-se Jubileu Perpétuo, concedendo indulgência plenária para todo o povo devoto. Começaram assim o Jubileu de Nossa Senhora da Conceição, um dos Jubileus Marianos mais antigos do Estado de Minas Gerais.

Padre Jacinto faleceu em 11 de junho de 1916, após dias antes ter sido atendido por Doutor Levindo, que era seu médico, neste dia por volta das 10 horas da manhã, após o canto do Ofício de Nossa Senhora por um grupo de seus paroquianos, partiu para a glória do Pai. Seu corpo está depositado na sepultura que fica na entrada principal do Santuário. Ele mesmo tratou de cavá-la dizendo querer ser pisado por todos os seus paroquianos. Mas claro, em sinal de respeito todo não pisam. No entanto, é bonito o reconhecimento de todos os firminenses por seus grandes feitos.

A vida dos bons perpetua. Não desaparece com o tempo. Na praça principal está sua estátua, como sinal de gratidão e eternização da memória daquele que marcou profundamente a história da Princesinha da Serra, deixando-nos um grande legado de cultura e de fé. Sua benéfica atuação prolonga-lhe a memória. A passagem do Padre Jacinto nesta paróquia deixou-nos marcas profundas: o amor a Nossa Senhora e a seu Filho Jesus Cristo.

Somos eternamente gratos a ele e o teremos sempre em nossa lembrança.




Wesley Pires dos Santos