terça-feira, 10 de julho de 2018

A DEFESA DA VIDA DESDE A SUA CONCEPÇÃO



Ousadamente surge diante de nós discursos relativistas que consideram o ser homem não como fim em si mesmo, mas apenas como meio para se alcançar outros objetos que sejam do interesse de uns poucos, e ao invés de debater e buscar uma reflexão mais abrangente, antes de tudo querem ridicularizar os que são contra tais pensamentos. O grande risco que corremos em tempos hodiernos é da volta a um ideal nazista, uma doutrina perfeccionista, da qual seleciona os melhores e mais perfeitos e descarta os que de forma alguma terá utilidade no mercado. Eis o grande ideal que busca alcançar uma sociedade que vive em prol de uma economia excludente. É neste contexto que se insere sutilmente os argumentos pró-aborto e sob o qual muitos cristãos católicos acabam entrando em defesa sem antes mesmo uma reflexão aprofundada sobre tal questão e até mesmo um estudo do que de fato a Igreja defende e prega.

Já dizia o filósofo e sociólogo alemão Jurgen Habermas, que a seleção dos melhores retira do sujeito sua autonomia e sua liberdade de poder decidir sobre sua própria vida e o poder ser si mesmo, existindo ou não. O mesmo podemos utilizar contra o Aborto. O homem, assumindo a sua independência na modernidade, passa a querer ter as chaves da criação, tomando o lugar do Criador. Com o avanço da biotecnologia, as intervenções científicas sobre a vida humana ganham cada vez mais força. Infelizmente, vivemos em uma cultura do descartável e do querer o direito de decidir sobre a vida de outrem, tudo em prol da técnica e do capital.

Muitos pensam que a solução para proteger a mulher e seus direitos seja o aborto. Infelizmente, este é um dos vários argumentos daqueles que defendem a legalização do aborto. "Meu corpo, minhas regras", assim querem defender o direito da mulher em escolher sobre a vida que está sendo concebida dentro de si. No entanto, se esquecem de que o feto que ali está sendo gerado, já é outro corpo e tem suas regras próprias. Contudo, se considerar este feto como parte do corpo feminino, deve-se igualmente considerar o aborto como uma mutilação.

Eis um pensamento antropocêntrico e moderno, no qual o ser humano, ser egocêntrico e individualista só pensa em si e tratam os demais como meros objetos de consumo a seu bel prazer. Por isso, querem até mesmo interferir no material genético como meio de manipulação em prol de uma Eugenia que seja conforme o interesse de uns poucos. É um risco pensar que a legalização do aborto iria resolver todos os sofrimentos de mulheres que acorrem a Clínicas clandestinas todos os dias. Infelizmente, por traz desta defesa está com toda certeza a influência grande do “Capitalismo Selvagem” que sai ganhando em cima disso tudo, como bem demonstra o documentário "Blood Money - Aborto Legalizado". Contudo, sabemos que por detrás da defesa dessa legalização está o intuito de grandes empresas do mercado que querem manipular em vista de ganhar mais e mais.

O que desejamos defender é a Vida, tanto a vida da criança que está sendo gerada, bem como da mãe que está gerando. O Aborto traz conseqüências terríveis às mulheres igualmente, ferindo o ser humano em sua dignidade. De igual maneira, disse o Papa Francisco: “Cada ser humano descartado é uma derrota para toda a humanidade.” Além disso, continua o Papa em sua Exortação apostólica Evangelii Gaudium, n. 213-214: “Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridicularizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e, no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno. […] Não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão. A propósito, quero ser completamente honesto. Este não é um assunto sujeito a supostas reformas ou ‘modernizações’. Não é opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana. Mas é verdade também que temos feito pouco para acompanhar adequadamente as mulheres que estão em situações muito duras, nas quais o aborto lhes aparece como uma solução rápida para as suas profundas angústias, particularmente quando a vida que cresce nelas surgiu como resultado duma violência ou num contexto de extrema pobreza. Quem pode deixar de compreender estas situações de tamanho sofrimento?”

Por fim, concluo expondo aqui os parágrafos 2270 e 2271 do Catecismo da Igreja Católica que diz: "A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida. A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral: "Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido. Deus [...], Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. “Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis.” Tudo isso, para refletirmos mais sobre a Vida e a defesa da Igreja. Que sejamos nós cristãos os protagonistas de um mundo novo, um mundo que não exclua ou descarte nenhum ser humano, mas que todos sejam irmãos e irmãs e sintam amados e respeitados em sua dignidade.

Wesley Pires dos Santos







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