As coroações e homenagens a Virgem Maria no mês
de maio é uma antiga tradição que remonta o século XIII, quando São Felipe Neri
começou as homenagens a Maria durante o mês de Maio, ofertando a ela belas
flores, já que na Europa neste período é Primavera. Fazia-se isto, considerando
a Virgem Maria, como a rosa mais bela do jardim de Deus. De igual maneira, esta
tradição foi se espalhando por toda a Europa, e se fortificou no século XIV, em
Paris na França. A tradição chegou ao Brasil por meio dos Portugueses, trazendo
já o costume de se corar a Imagem de Nossa Senhora, reconhecendo-a como Rainha
do Céu e da Terra, sendo ela igualmente Mãe do Rei Jesus Cristo. Essas
celebrações foram bem acolhidas pelas Minas Gerais, se espalhou rapidamente, se
tornando tradição nas terras mineiras.
Em nossa Arquidiocese de Mariana a tradição
chegou por volta do ano de 1850 quando Dom Viçoso trouxe para Mariana a
Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo para formar e educar
as moças, fundando assim a primeira escola feminina de Minas: o Colégio Providência.
Nas escolas católicas, ao longo dos séculos, gerações aprenderam os valores da
fé com a vida dos santos, com as celebrações,
através dos teatros, das reflexões e, além disso, igualmente a devoção a Virgem
Maria ensinada pelas filhas da Caridade. Segundo alguns relatos, durante o mês
de maio as moças do colégio homenageavam a Virgem Maria com as coroações.
Tradição esta, muito forte também na França onde a Congregação foi fundada. Desta
forma, a tradição foi se espalhando e ganhando força em todo o território da
imensa Arquidiocese de Mariana, chegando igualmente em Conceição do Turvo.
Em Conceição do Turvo o mês era celebrado com
toda pompa e solenidade, isso nos conta Pe. Miguel Fiorillo em seu livro "Senador
Firmino conta História": “O mês de maio em Conceição do Turvo se
transformava em grande acontecimento. Todas as noites havia rezas, Missa e coroação
da Imagem de Nossa Senhora da Conceição. A corporação Musical comparecia à casa
dos coroadores e os levava em procissão até a Igreja, era uma apoteose,
dependendo da condição da família. Em seguida aos atos religiosos acontecia o
leilão todas as noites, e no último dia do mês uma magnífica festa que animava
toda a Vila.
Durante o mês de maio acontecia um
concorridíssimo leilão com grandes variedades de prendas: doces, frutas,
salgados, trabalhos artesanais e etc. Os leilões eram arrematados; quando frutas,
eram dadas para as crianças e quando se tratava de um donativo de mais valor
era arrematado e levado para casa. E quando era uma prenda vinda de casa de
algumas das belas moças de Conceição, os namorados ou pretendentes
disputavam-nas lance por lance para fazer média diante da pretendida, e
enquanto isto a Banda de Música entoava os mais belos dobrados que eram somados
ao valor da prenda.Na véspera da festa entusiasmo total, procissão
da Bandeira, Rezas, Missas, Pregação e levantamento do Mastro, e no outro dia,
dia da festa, alvorada festiva a partir das cinco horas, Missas festivas e
leilões de prendas as mais variadas e inclusive de gado, suínos, equinos,
caprinos, aves e etc.”
Esta antiguíssima tradição chegou até os nossos dias em nossa Senador Firmino, não com tão grande força como antes. Durante toda a minha infância lembro como já não era tão forte a participação das moças. Mas, segundo já ouvi de muitos, ainda por volta dos anos 90 a festa ainda era bela e apoteótica. Acontecia durante os 30 dias do mês de maio coroações e celebrações, tendo muitas vezes, que haver duas corações, em uma só noite, da tamanha quantidade de crianças para coroar. E mantinha ainda a tradição da Banda de Música de buscar as “coroadeiras” em suas casas, disso me lembro bem. Além disso, havia nas casas, seja das moças, ou até mesmo casas sorteadas, a oração do terço todas as noites e uma procissão para o Santuário (inclusive durante algum tempo estive ajudando a organizar este mês tão bonito) acompanhada ora com a banda, ora com cânticos e orações. A festa era bonita, enquanto criança, eu, muito travesso, lembro bem, que no meio daquela quantidade de meninas, eu e um amigo, nos misturávamos no meio pra apanhar cartuchos de doces. Este era outro costume tão belo: as mães, as famílias se uniam nas casas durante este mês para fazer e embalar os doces, algo que não era diferente durante o mês de junho em que fazíamos o desagravo ao Coração de Jesus (tive a oportunidade de fazer o desagravo até os 12 anos de idade).
Esta antiguíssima tradição chegou até os nossos dias em nossa Senador Firmino, não com tão grande força como antes. Durante toda a minha infância lembro como já não era tão forte a participação das moças. Mas, segundo já ouvi de muitos, ainda por volta dos anos 90 a festa ainda era bela e apoteótica. Acontecia durante os 30 dias do mês de maio coroações e celebrações, tendo muitas vezes, que haver duas corações, em uma só noite, da tamanha quantidade de crianças para coroar. E mantinha ainda a tradição da Banda de Música de buscar as “coroadeiras” em suas casas, disso me lembro bem. Além disso, havia nas casas, seja das moças, ou até mesmo casas sorteadas, a oração do terço todas as noites e uma procissão para o Santuário (inclusive durante algum tempo estive ajudando a organizar este mês tão bonito) acompanhada ora com a banda, ora com cânticos e orações. A festa era bonita, enquanto criança, eu, muito travesso, lembro bem, que no meio daquela quantidade de meninas, eu e um amigo, nos misturávamos no meio pra apanhar cartuchos de doces. Este era outro costume tão belo: as mães, as famílias se uniam nas casas durante este mês para fazer e embalar os doces, algo que não era diferente durante o mês de junho em que fazíamos o desagravo ao Coração de Jesus (tive a oportunidade de fazer o desagravo até os 12 anos de idade).
Toda esta história trago com imensa alegria e nostalgia
em meu coração. Não podemos jamais perder de vista nossa história, por mais que
muitas coisas não voltem a serem celebradas como antes. Não relembro com
espírito de saudosismo (no sentido de se ter saudade de algo não vivido ou um
gosto demasiado do passado), pelo contrário, lembro de tudo isso, para mostrar
que muitas coisas vão se perdendo e perdendo inclusive nossa história. Tudo
isso, por passarmos tão rápido para uma era egocêntrica e individualista, uma
era marcada pelos desencontros. Igualmente isso, influencia igualmente na
vivência da fé. Por isso, enquanto firminenes devemos relembrar com alegria
nossa história e muitas das vezes, incentivar os filhos, e as futuras gerações
para reacendermos neles o espírito da comunhão fraterna e do encontro, o que
faz muita falta na era da tecnologia. Inclusive, no âmbito da fé, mostrar e
passar a eles os valores apreendidos na infância, não deixemos perder nossa
história e tradição. Assim, deixo alguns traços da bela imagem que tenho da fé
do meu povo, das homenagens a Virgem da Conceição feitas pelas crianças de
nossa cidade. Para que, no futuro próximo sejamos interpelados e motivados a
reacender em nós a chama desta bela devoção e tradição que são as coroações e
para que nunca percamos de vista nossa bela história.
Wesley Pires dos Santos
CANTO TRADICIONAL DE CORAÇÃO EM SENADOR FIRMINO
“Cantar hinos de alegria
Hoje vimos a este altar
Com louvores a Maria
Muitas flores lhes ofertar
Mês das flores, mês de alegria
De lindo cantos, mês de Maria
Esta palma, Virgem Maria
Que deponho em vossas mãos
É imensa alegria
Que invade meu coração
Este véu cuja beleza
Hoje venho te oferecer
Simboliza tua pureza
Ó Maria, Mãe de Deus
Virgem Santa Imaculada
Mãe de nosso Bom Senhor
A coroa tão sagrada
Eu vos oferto com todo amor”














Fiz uma viagem no tempo agora... Que alegria ensinar minha filhinha o canto que eu coroava Nossa Senhora 🙏🏻 Gratidão eterna.
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