“Eu
vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje na cidade de
Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor.” (Lc 2, 10-11). Eis o grande anúncio do Anjo neste dia de Natal,
aos pastores de Belém e também a toda a humanidade. Deus se manifesta não em
algo extraordinário, em algo mágico, mas na simplicidade do presépio. Do Presépio
até a Cruz, Deus é esvaziamento de si, é fracasso, é simplicidade, é miséria.
Ele usa da fraqueza para confundir os fortes e poderosos deste mundo. Deus é
EMANUEL, não é Deus contra-nós, não é Deus sem-nós; Deus é Deus-conosco. O
Príncipe da Paz, o Conselheiro de Deus é totalmente Doação, porque é totalmente
Amor. Neste dia podemos nos perguntar: o que este “admirabile signum”
(admirável sinal) pode nos ensinar, para que nossa vida seja transformada numa
vida verdadeiramente em Deus, diante de um mundo tão conturbado e barulhento?
O
acontecimento do Natal marca de forma decisiva toda a história da humanidade.
Aos olhos humanos não tem nada de sobrenatural, um casal que fora de seu lar e
não encontrando hospedagem para dar a luz, acabam numa pequena gruta fria,
envoltos na solidão da noite, o menino nasce no meio do coxo onde se
alimentavam os animais, e é aquecido pelos mesmos animais que ali estavam como
companhias da noite. No entanto, enquanto isso, o Silêncio de Deus vai tecendo
e escrevendo a história da Salvação. Desde os antigos profetas este menino já
havia sido predito, os pais já o esperava com amor, sua chegada fora já
preparada e anunciada pelo Batista, é Jesus que neste dia vem ao nosso encontro
ser o Deus-Salvador, Deus-Conosco, o Emanuel, a Raiz de Jessé.
Enquanto
todos esperavam um Messias Poderoso, aos olhos do mundo, nascido nos palácios,
chefe de exércitos, implementador de guerras de libertação contra Roma. Deus
visita não Jerusalém, o centro do judaísmo, mas uma pequena aldeia da Galiléia
chamada Nazaré, que nem mesmo antes havia sido citada nas Escrituras, visita
uma simples jovem, Maria. O grande anúncio da noite santa, ao invés de chegar
em primeira mão aos doutores da Lei, aos sábios e entendidos, chega por meio
dos Anjos aos simples Pastores de Belém, estes foram os primeiros convidados
para a grande festa de Deus, estes foram os convidados para contemplarem o
Menino que jaz na Manjedoura. O Menino que deveria nascer em berço-de-ouro, nos
palácios, nasce numa lapinha, num lugar frio, numa estrebaria, aquecido pelos
animais. Eis o grande esvaziamento de um Deus que se faz homem e que assume
nossa condição na maior simplicidade do presépio.
Em
um mundo centrado em si mesmo, no qual tudo gira em torno da idolatria do
dinheiro. Onde há o império do individualismo, o enriquecimento de poucos e a
fome e o desprezo de muitos. Há pessoas que vivem tão sozinhas, no escondimento
do mundo e no medo de si mesmas, porque perderam o sentido de tudo e até de
viver. Quando muitos jovens que começam agora a vida e já se entremeiam para
uma sexualidade desgregada, uma vida nas drogas. Percebemos a sociedade tão
distante de si mesma e de Deus, clama hoje por Amor, porque temos uma sociedade
moderna carente de Amor porque se distanciou do grande ensinamento da Noite de
Natal.
Diante
do Natal Pagão celebrado por muitos, o Natal que idolatra o Dinheiro e exclui
as pessoas. O povo que anda nas trevas hoje pode contemplar a grande Luz que
chega no Silêncio e bate a porta de cada coração pedindo hospedagem. Nosso Deus
quer nos mostrar que não exclui ninguém do seu Amor, mas que os que o quiserem
acolher, precisam antes de tudo ter um coração humilde e desapegado de si mesmo
para acolher o maior Amor que podemos ter, o Amor que dá sentido a nossa vida.
Eis o admirável sinal demonstrado na humildade do Presépio, do qual todos nós
precisamos aprender e viver para transformar o mundo ferido em um mundo de
amor. O mistério que hoje celebramos também nos dá toda força para sermos
transformados neste Natal e como cristãos da esperança e da alegria mostrar ao
mundo que o Deus-Menino quer habitar em cada coração, quer fazer morada na
manjedoura de cada família, porque simplesmente nos ama e se esvazia para vir
até nós.
Hoje
ao contemplar o Menino-Deus, seus Pais: Maria e José, os Reis Magos e Pastores,
todos nos unimos aos anjos do céu para cantar a Deus um tremendo hino de Louvor
e Gratidão. “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens
de boa vontade”. Porque Deus não se esquece de nós, Ele é conosco. Por
isso, este dia é um dia feliz para toda a humanidade, porque nunca desanimamos,
porque mesmo em meio às dificuldades caminhamos na Esperança. Cremos que este
Mistério da Encarnação acontece todo dia, em cada Santa Missa, em cada momento
em que um cristão e a comunidade ouve a Palavra de Deus, em cada gesto de
perdão e de amor. Sempre é Ele, Jesus Cristo que vem ao nosso encontro pelos
pequenos sinais manifestando a nós o seu imenso Amor e o seu. Feliz e Santo
Natal a todos.
Wesley Pires dos Santos

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