Muitos podem estar pensando que este ano seja um ano perdido, ou que seja um ano para ser esquecido, que estamos perdendo tempo e até mesmo a vida. Para os economistas, para os profissionais, para os estudantes, para muitos este 2020 não prestou para nada, não ganharemos nada com este ano, só estamos perdendo, só está atrasando nossa vida, por quê acontecer tudo isso? No entanto, para os homens e mulheres de fé a pergunta deve ser diferente: para que está acontecendo tudo isso? O tempo da catástrofe para o cristão não é um tempo perdido. Talvez todas estes questionamentos podem estar voltando ao seu coração porque não estamos acostumados com o improviso, não estamos acostumados com as surpresas. Eis um tempo de grande valor espiritual para todos. Voltam ao nosso coração as perguntas fundamentais de nossa existência humana, para que vim a este mundo? Quem sou? Qual será meu fim? Um tempo novo está para nascer. O tempo da catástrofe é também um tempo de grandes descobertas. O improviso que bateu a nossa porta neste ano talvez seja para que nos abramos mais as grandes surpresas que Deus nos reserva todos os dias. Ontem ao passar diante da estátua de Nossa Senhora da Conceição que fica na Praça de nossa cidade de Senador Firmino, a vi de costas, olhando para o céu e intercedendo a partir da oração suplicante de um simples e santo sacerdote, Padre Jacinto Trombert, que lá debaixo olha e pede a Mãe de Deus por todos nós firminenses e pelo mundo. Na vida destes dois, muitos foram os improvisos que tiveram de passar. Padre Jacinto tão jovem teve de deixar sua pátria a Suíça com seus irmãos e vir para as Américas em busca de vida melhor. A Virgem Maria com 15 anos recebe a visita do Anjo Gabriel dizendo a ela que estava grávida do filho de Deus, tão logo teve que fugir por ainda não se ter casado com José. Ambos nos ensinam que devemos estar abertos as surpresas de Deus e que tudo o que vivemos nos ajuda a amadurecer na fé, ambos tiveram muita fé e persistiram até o fim, mesmo não sabendo o porquê de muitas coisas, mas foram descobrindo o para quê...
Que tal fazermos como estes dois que disseram Sim e se entregaram a Deus: “Fiat míhi secúndum Verbum túum (Faça-se em mim segundo a Tua Palavra)”. No tempo do improviso sentimos vulneráveis, e de fato o somos. Por isso, cremos que dependemos unicamente de Deus e tudo está nas mãos Dele. Se estamos nesta barquinha frágil do Senhor cremos que no fim dará tudo certo porque Ele é o condutor.
“O tempo da catástrofe parece um tempo em que Deus recua, dá um passo atrás; contudo, é um tempo para descobrirmos o Deus da ternura, o Deus da misericórdia, o Deus próximo, o Deus comprometido com a pessoa humana, o Deus que está ao lado da vítima, ao lado do que sofre; porque o próprio Deus vive este recuo” (Dom José Tolentino de Mendoça)
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Wesley Pires dos Santos.
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